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Flinch e Voluntários: por que gostamos de ver a dor alheia?

Foto do escritor: Amanda DumontAmanda Dumont

Vídeos de pessoas caindo ou se machucando já se tornaram virais


Flinch é um show fácil de descrever – no novo game show da Netflix os competidores são colocados em situações estressantes e punidos se reagirem visivelmente - o que é quase certo de acontecer. As punições podem ser choques, mergulhos ou outros elementos que causem desconforto físico.

Flinch, novo game show da Netflix
Flinch, novo game show da Netflix

Já em Voluntários, disponível no Disney+, o apresentador comanda experimentos científicos que respondem perguntas comuns do dia a dia, e isso é feito com um grupo de voluntários que estão dispostos a passar por grandes apertos, por vezes dolorosos.

Voluntários é o novo programa da National Geographic
Voluntários é o novo programa da National Geographic

Ambos os shows partem da premissa de entretenimento através da dor, um conceito já muito difundido entre a população. Quem nunca riu com uma vídeo cassetada ou com um vídeo do FailArmy que jogue a primeira pedra. A pergunta que fica é por que achamos graça na dor dos outros?


Hoje, a neurociência fornece várias hipóteses. Uma é que nós achamos gostoso ver algo perigoso ocorrer quando estamos em segurança no sofá e não conhecemos a vítima – o cérebro se satisfaz com a distância.


Outro são os neurônios-espelho: nosso cérebro, quando vê alguém caindo, pode reproduzir automaticamente os padrões de atividade cerebral da pessoa que está caindo. Isso não tem nada a ver com telepatia, que fique bem claro: é só uma reação automática. Esse disparo faria uma espécie de cosquinha eletroquímica no cérebro do espectador, e aí ele ri.


Os alemães cunharam o termo schadenfreude (traduzido literalmente como “dano-alegria”) para descrever aquela sensação de prazer que você tem quando vê alguém tropeçando na rua ou dando de cara com uma porta de vidro.

Richard Smith, psicólogo da Universidade de Kentucky que escreveu um livro sobre schadenfreude, acha que nosso amor pelo sofrimento dos outros pode ter uma origem evolutiva. Darwin propôs que toda a vida está em constante competição por recursos e companheiros, e Smith acha que nosso prazer malicioso pode derivar do conhecimento de que estamos levando vantagem na competição. “Digamos que você é um cara e está apaixonado por uma mulher, e isso é apenas um fato. Mas há outro cara que também está apaixonado por essa mulher. Ela vai fazer uma escolha; é você ou ele. Se esse rival sofrer — cair na poça de lama ou seja lá o que for — e não for mais um concorrente, você vai se arrepender disso? Você está pegando a garota. Isso é bom."


Apesar de existirem essas e outras explicações para o fato, não há uma resposta definita para essa pergunta - só nos resta rir com os vídeo atrapalhados que vemos por aí.

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